Rádio Alto Taquari de Estrela - 30 Anos - 1978:Tive a grande de honra de escrever a crônica dos “60 Anos no Ar da Rádio Alto Taquari de Estrela” em 2008. Matéria que foi publica em jornais e sites na Internet.
Para o Blog especial criado pela Aepan-ONG com objetivo de divulgar a História da Rádio Alto Taquari, entendemos como justa homenagem a Assis Sampaio, já falecido, divulgar a matéria que escreveu em 1978 sobre os 30 anos da emissora.
Assis Sampaio pessoalmente me presenteou com seu livro, NAS BARRANCAS – CRONICAS DE ESTRELA, DOS ANOS 70, que compõe hoje o acervo do Memorial da Aepan-ONG, cuja matéria dos 30 Anos da Rádio Alto Taquari consta nas páginas 49 e 50 mesmo.
Abaixo na integra o belo texto do escritor Assis Sampaio que merece reconhecimento por tudo que fez e escreveu em prol da cultura em Estrela-RS.
AIRTON ENGSTER DOS SANTOS
RÁDIO ALTO TAQUARI –ANO 30
Ah, que saudades que eu tenho de 30 anos atrás! Quando era jovem e recém aportado em Estrela. Quando tudo era lindo para sentir o novo para viver. Mal desabrochava a quadra madura da existência, em meio a dificuldades no presente e incertezas para o futuro.
Pois nesta etapa primaveril da vida e do ano que surgiu a Rádio Alto Taquari. Fruto do pioneirismo meio visionário do Sr. Adão Fett. Que por este motivo, deixa seu nome gravado nos anais do município.
Constitui-se num fato sensacional e comentadíssimo, quando o primeiro sinal emitido pela ZY-9 varou o éter. Cada qual dizia ter tido a primazia de ouvir a característica da novel emissora de rádio.
Aqui fala a Rádio Alto Taquari de Estrela, transmitindo em caráter experimental de seus estúdios na Rua Fernando Abott, na cidade Princesa do Vale do Taquari.
Era mais assim que o sinal identificava a pioneira Rádio-difusão em toda região deste fértil vale gaúcho. A inauguração foi um acontecimento da maior relevância para cidade. Reuniu altas autoridades e convidados especiais, que prestigiaram o marcante evento.
Na ausência da televisão, o rádio supria a necessidade de comunicação a massa popular. E bastava mesmo a curiosidade e ao entretenimento do grande público. Tanto que foram sucesso as rádio-novelas com elenco local. A criatividade e o esforço da prata-da-casa conseguiam superar deficiências técnicas inomináveis.
O maior hit para o interior eram as dedicatórias. O aniversariante era bombardeado com páginas musicais o dia inteiro. A Mula Manca rodava meia dúzia de vezes por dia. A Asa Branca não ficava por menos.
A irradiação dos bailes era condição imprescindível para o sucesso de qualquer noitada. A estréia foi num kerb em Santa Rita, no Salão do saudoso Tio Aníbal Wagner. A marca registrada da transmissão era um jeito típico de Oscar Chaves Garcia. Para ter o nome citado por arrancar uma Gilda, o bailarino pagava uma nota comprida. Mas abria média com as gurias e era comentado pelos ouvintes da casa.
O Já falecido Oscar Chaves Garcia, de fato merecia ficar registrado nesse livro pelo que marcou sua passagem no rádio estrelense.Seu grito de gooool era o prefixo inconfundível da irradiação de suas jornadas esportivas.
Já Ataíde Ferreira tinha um estilo mais romântico e sentimental. E o Talo Porto se caracterizava pela moderação eficiente e dedicada. Ambos ainda estão ativos no jornalismo. E vez por outra se referem por alto às barrancas do seu tempo.
Hoje tudo é passado. Apenas algumas fotografias ilustram a exposição Anos 30. Relembrando aos antigos, de relance, os programas de auditório e outros, de calouros,. Que movimentavam os meios artísticos nativos e derrubavam as pretensões sonhadoras de muito candidato a astro ou estrela.
Se recordar é viver, este pequeno resumo dos trinta anos de rádio em Estrela deve ter reavivado os batimentos de muito coração cansado. E reacendido as saudades de paixões há muito sepultadas.
Crônica de 1978 – Assis Sampaio – Livro: Nas Barrancas – Edição de 1977 – Documento do Acervo do Memorial da Aepan-ONG.
